04 setembro, 2005

cartas e portuguesas

.depois de muitos anos vagando por invernos e batalhas, o cavaleiro de chamilly alcançou o convento de beja, onde o esperava sua amada mariana. ele levava cartas que não quis confiar aos correios, mas tampouco permitiu que ela as lesse. atearam-se logo fogo, às vestes, sim. pois era apenas chamilly apaixonado, chegando entre gatos e passarinhos, ao som dos tangos do piazzola. músicas alheias dedicadas a amante, palavras antigas do fundo de um rio amarelo. todos os tejos desaguavam no mar das águas de colônia, para molhar o pão de mel de todo dia que os alimentava. o chantilly veio depois, acompanhado dos suspiros e morangos e quiches e o clássico employer de poste, que tantas vezes havia falhado, e na verdade veio uma vez só.

.mas o inverno veio de novo e de novo chamilly partiu. novas cartas com promessas, outras tantas contrabandeadas, sem falar... mariana pedia volta, casa comigo. chamilly na neve, era tão branca e fria e mariana não. e as cartas e um amor correspondido, outro ficando sem resposta e o bordado de iniciais no lenço foi se desfazendo pelo fio solto. primeiro de abril no hemisfério norte, chamilly foi preso, chamilly acorrentado. cartas paravam de chegar, mariana definhando e de repente. quando chamilly chegou seria tarde demais. agora mariana é morta.

Nenhum comentário: