25 dezembro, 2007

lista de esquecimentos, I

uma vez eu achei que tinha ouvido a música mais bonita do mundo no rádio. acho que era do george harrison. lembrei de prestar muita atenção quando o locutor falou, mas depois esqueci o nome

lista de esquecimentos, II

uma vez sonhei com o poema mais bonito do mundo, mas acordei e esqueci as palavras.

volta (to be continued and revised)

cinco horas e meia depois mesma quinta-feira qualquer saio da escola ando um quarteirão até o ponto mais próximo onde me ponho a esperar o ônibus da mesma linha que me trouxe na ida. seis minutos depois o aluno hideki calça jeans camisa azul identificação em letras brancas próxima ao ombro direito vindo da mesma escola de onde acabo de sair chega ao mesmo ponto e se põe a esperar um ônibus assim como outras tantas pessoas e são muitas a essa hora. descubro oito minutos mais tarde ser o mesmo que estou eu a esperar pois quando o lotação finalmente aparece o aluno hideki olhos vagamente a confirmar seu sobrenome japonês esboça um movimento de aproximação do meio-fio mas pensando bem decide esperar ainda um pouco mais pois a julgar pela demora pelo horário e pela quantidade de gente que já está a encher o carro o ônibus possivelmente se atrasou e logo logo chegará outro em condições mais apropriadas de acomodação. estou de acordo com o aluno hideki de forma que também decido esperar pelo próximo uma vez que agora estou indo para casa e não há perigo de atraso já que em casa não tenho livro de controle de presença a ser assinado pontualmente a uma hora qualquer pois com o descanso não há compromisso. subo no ônibus atrás de algumas pessoas e do aluno hideki que se senta na penúltima cadeira vaga restando uma última por acaso ao lado dele que é por acaso ocupada por mim. mais algumas pessoas entram e eu reparo mas não sei se o aluno hideki também observa que dois ou três minutos entre o primeiro ônibus e este outro foram suficientes para que muitos passageiros chegassem e mais um carro já está a circular quase lotado no próximo ponto já haverá gente a cair pelas janelas. mal toma o seu assento e o aluno hideki já está a procurar em sua mochila a apostila escolar que abre na parte de história após a guerra das duas rosas (1455-85) a dinastia tudor ascende ao trono inglês lê o aluno hideki preocupado em não perder um segundo de seu precioso tempo na batalha do vestibular como foi instruído a fazer. dois senhores e essa palavra aqui quer denotar simplesmente que eles me são desconhecidos mas não que são propriamente senhores embora um deles tenha os cabelos grisalhos param à minha frente e do aluno hideki que não lhes põe atenção específica apesar de às vezes erguer a cabeça numa distração indesejada porque sabe que deve manter-se atento ao livro e à sua batalha. o homem de cabelos grisalhos carrega uma maleta aparentemente pesada numa das mãos e segura a barra de ferro com a outra enquanto se volta para seu amigo que é quem estou a julgar que o outro seja porque desconheço ambos e posso apenas supor alguma relação entre eles e começa ou continua a falar do filho. o homem grisalho adoraria que seu filho tomasse rumo na vida começasse a trabalhar ou decidisse de vez seguir o estudo no que era apoiado pelo amigo

12 dezembro, 2007

08 dezembro, 2007

'cause i'm leaving on a jet plane

overwhelming



no meio da tarde, as imagens ainda me assaltam, mesmo os sons e as sensações.



o verde, roxo e branco dos trophy cups, a sliding door sliding open, the restaurant soundtrack, flashes dos programas de tv na break room, a mão de luva abrindo a maçaneta redonda prateada, a cama embutida na parede, os pneus do tribal transit parando na brita solta, my hiking boots sinking in the snow, the tick-tick of my twisting the combination lock everyday, woody's old cassette in the kitchen, o choque térmico ao entrar em casa, the computer keyboards in the library, jeremy's laugh, "wonderful auburn hair"- as kay pronounced it, o silêncio numa língua estrangeira



mas



o cheiro do ar doce e artificial das salas muito fechadas - os carpetes
o cheiro das prateleiras claras do food lyon
o cheiro de abrir o saco de tip out para contar o dinheiro
o cheiro de abrir uma revista people enquanto espero na lavanderia
o cheiro de ter um único livro para ler na cabeceira da cama
o cheiro de esse livro ter "flor" no título
the smell of receiving letters from overseas
o cheiro imaginado de casa


e os cheiros são o que me falta para estar lá

05 dezembro, 2007

um tanto é pelas montanhas

outro tanto é pelo cheiro...

gentileza urbana...

... é não falar palavrão dentro do ônibus

- francamente, vai tomar no cu

16 novembro, 2007

16 agosto, 2007

amélie


31 julho, 2007

para mantê-los informados II

antonioni também

30 julho, 2007

para mantê-los informados

bergman morreu

23 julho, 2007

para me distrair do tempo

que falta até algum dia de setembro de 2008, vou praticando minhas boas maneiras britânicas: agora só atravesso na faixa de segurança, com o sinal fechado

09 julho, 2007

devo admitir que

meu amor
cartas e portuguesas
era uma vez
algodão doce


a dor de cotovelo já me deu pequenas boas coisas

05 julho, 2007

london, london


the queen is waiting for me...

29 junho, 2007

comida

- seu prato é sempre tão bonito...




(o modo de dispor a comida no prato é uma técnica de sedução que exercito desde a infância)

24 junho, 2007

you're asking me will my love grow

i don't know i don't know

23 junho, 2007

do fragmento 389 do livro do desassossego

Condillac começa o seu livro celebre, “Por mais alto que subamos e mais baixo que desçamos, nunca sahimos das nossas sensações”. Nunca desembarcamos de nós. Nunca chegamos a outrem, senão outrando-nos pela imaginação sensível de nós mesmos. (...) Quem cruzou todos os mares cruzou somente a monotonia de si mesmo.

o navio de espelhos

08 junho, 2007

message in a bottle II

e não adiantava, seu modo de ser seria sempre um suspiro

03 junho, 2007

filó


02 junho, 2007

message in a bottle

quando era pequena e morava na praia, adorava juntar garrafinhas vazias de extrato de guaraná pra jogar ao mar. mas como não tinha nada a dizer, e já era suficientemente inteligente para cogitar que o receptor provavelmente não falaria a sua língua, não escrevia bilhetes, desenhava mapas tortos tentando mostrar onde estava, à espera de que acontecesse como nos filmes e livros. deve ser por isso que ficou a ver navios.

20 maio, 2007

porque a vida é assim II

seu amor morre e você não pode fazer nada

seqüência


Não abriram ainda as lojas, salvas as leitarias e os cafés, mas o repouso não é de torpor, como o de domingo; é de repouso apenas. Um vestigio louro antecede-se no ar que se revela, e o azul córa pallidamente atravez da bruma que se esfina. O começo do movimento rareia pelas ruas, destaca-se a separação dos peões, e nas poucas janellas abertas, altas, madrugam tambem apparecimentos. Os electricos traçam a meio-ar o seu vinco mobil amarello e numerado. E, de minuto a minuto, sensivelmente, as ruas desdesertam-se.

(do fragmento 87 do Livro do desassossego)

Louvor e simplificação de Álvaro de Campos (excerto)
Mário Cesariny
Há uma hora, há uma hora certa
que um milhão de pessoas está a sair para a rua.
Há uma hora, desde as sete e meia horas da manhã
que um milhão de pessoas está a sair para a rua.
Estamos no ano da graça de 1946
em Lisboa, a sair para, o meio da rua.
Saímos? Mas sim, saímos!
Saímos: seres usuais, gente gente! olhos, narinas, bocas,
gente feliz, gente infeliz, um banqueiro, alfaiates, telefonistas,
varinas, caixeiros desempregados,
uns com os outros, uns dentro dos outros
tossicando, sorrindo, abrindo os sobretudos, descendo aos
mictórios para apanhar eléctricos,
gente atrasada em relação ao barco para o Barreiro
que afinal ainda lá estava apitando estridentemente,
gente de luto, normalmente silenciosa
mas obrigada a falar ao vizinho da frente
na plataforma veloz do eléctrico, em marcha,gente jovial a acompanhar enterros
e uma mãe triste a aceitar dois bolos para a sua menina.
Há uma hora, isto: Lisboa e muito mais.
Humanidade cordial, em suma,
com todas as consequências disso mesmo
e a sair a sair para o meio da rua. (...)

25 março, 2007

again and again

porque há mto tempo um poema não me encantava desta forma à primeira vista:

http://www.triplov.com/poesia/jorge_de_sena/cathedrale_engloutie/index.htm

28 janeiro, 2007

é tudo verdade

Cariocas


Adriana Calcanhotto
cariocas são bonitos
cariocas são bacanas
cariocas são sacanas
cariocas são dourados
cariocas são modernos
cariocas são espertos
cariocas são diretos
cariocas não gostam de dias nublados
cariocas nascem bambas
cariocas nascem craques
cariocas têm sotaque
cariocas são alegres
cariocas são atentos
cariocas são tão sexys
cariocas são tão claros
cariocas não gostam de sinal fechado...

15 janeiro, 2007

porque a vida é assim

seu passarinho morre e você não pode fazer nada